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4 de dezembro de 2015

NATIONAL GEOGRAPHIC ELEGE PAISAGEM DE VITÓRIA COMO CARTÃO POSTAL MUNDIAL

A imagem registrada pelo fotógrafo paulistano, radicado em Brasília (DF), Victor Lima surgiu com a seguinte descrição, no site da revista americana National Geographic: "O sol poente mergulha atrás das pequenas montanhas que miram Vitória, uma cidade na costa do estado do Espírito Santo. O fotógrafo Victor Lima capturou essa escurecida vista da baía e os seus arredores no Morro do Moreno". A foto do dia, publicada em 25/11, consta na sessão da revista designada a apresentar as mais belas paisagens do planeta e, traduz de forma primorosa, uma combinação perfeita de natureza e civilização. Lima fundou o projeto The Brazilian Landscape Photography, destinado a expor e comercializar imagens de paisagens do Brasil e do mundo.

28 de outubro de 2015

I Circuito ArtES: UM ENCONTRO ENTRE O PÚBLICO E A PRODUÇÃO ARTÍSTICA CAPIXABA


Cada dia mais, o verbo ocupar se confirma como personagem central na arte produzida na cidade de Vitória. O I Circuito ArtES surgiu do desejo de um grupo de empreendedores artísticos da Região Metropolitana em fomentar as artes visuais de modo coletivo, ampliando o acesso do público à produção artística de variadas vertentes. Conceitualmente, a proposta partiu da premissa do ateliê do artista como um ambiente anfitrião, onde o visitante pode ter acesso ao processo criativo, ampliando sua percepção além da obra acabada. São 73 artistas participantes, residentes e convidados, 30 empreendimentos, quatro espaços públicos, além de 20 ateliês e galerias, respirando arte e dando visibilidade à pluralidade da produção capixaba, com exposições e uma série de atividades ligadas ao debate. Nesta primeira edição do Circuito ArtES tem-se a presença de alguns espaços que são verdadeiros laboratórios de criação e que constituem o local de atuação do próprio artista. Destaca-se a presença de dois espaços da Secretaria Municipal de Cultura, que dialogam com a opção de estimular a vocação da cidade para a produção democrática, em rede, e aberta ao público. O Memorial da Paz, instalado em uma região estratégica, tem como um de seus principais focos o de ampliar o acesso do público à produção contemporânea do Espírito Santo, enquanto o Casarão Cerqueira Lima, reaberto como parte da política de revitalização da Cidade Alta, aposta em mostras e lançamentos que ajudam a preservar a memória da cidade de Vitória.


ALGUNS ESPAÇOS DE INTERLOCUÇÃO ARTÍSTICA
ALYNE FAVORETTI 
Artista plástica que escolheu o desenho como principal forma de expressão. 
"Desenho é minha língua, meu idioma e minha escrita". 
A investigação da feminilidade e suas multifaces são questões abordadas pela artista. 
Casarão Cerqueira Lima
Rua Muniz Freire, 23, Cidade Alta, Centro | Vitória
www.alynefavoretti.com.br

ÂNGELA GOMES
As obras da artista expressam sua relação com o Espírito Santo.
Firma-se como uma referência da Arte Naif no Estado.
Espaço Cultural da Justiça Federal
Avenida Marechal Mascarenhas de Morais, 1.877, Monte Belo | Vitória
www.angelagomesnaif.com.br

ÁGUEDA VALENTIM
Águeda é ceramista, escultora e muralista.
Atua em temáticas diversificadas,
em especial na área dos murais e dos painéis escultórios.
Atelier de Cerâmica Águeda Valentim
Rua Tito Machado, 66, Horto | Vitória
Facebook | aguedavalentim

ARTE E RESTAURO SANTA TERESA
O Atelier Arte e Restauro é o espaço de residência criativa do escultor Janio Leonardelli, 
conhecido especialmente por seu trabalho como restaurador 
de vários monumentos importantes da cidade de Vitória. 
Profissional renomado em técnicas de gesso e bronze, 
produziu recentemente obras da divindindade Buda para o Mosteiro Zen Budista.
Rua Atlanta, 04, Santa Teresa | Vitória
https://www.facebook.com/arteerestaurostatereza/?fref=ts

ATELIER GALERIA CASA DE PEDRA
Edificado pelo escultor Neusso, o espaço é um misto de galeria de arte, templo de paz 
e residência do artista, que trabalha com esculturas originais. 
Rua Donaldison da Rocha Barros, s/n, Jacaraípe | Serra
http://casadepedra.org/

ATELIER SANDRA RESENDE
A artista executa obras de arte abstratas que tem como fio condutor a poética do lugar. 
O desenho, a gestualidade, a luminosidade da cor e a materialidade da obra
são características determinantes em seus trabalhos.
A Arte Sacra Contemporânea também é uma marca de sua produção.
Rua Júlia Lacourt Penna, 751, Jardim Camburi | Vitória
http://www.dayseresende.com/

ATELIER TEREZINHA MAZZEI
A artista utiliza o pigmento natural das flores da mangueira em seu processo criativo 
e, através do controle da ação da natureza e da atuação do tempo, 
consegue uma composição que é o resultado dessa interferência seletiva.
Faz uso da fotografia tecnológica digital 
e das aguadas com gradações cromáticas e grafismos.
Rua Aloísio Simões, 313, Térreo, Bento Ferreira | Vitória
http://www.teresinhamazzei.com.br/

ESPAÇO DE ARTE LASTÊNIO SCOPEL
Natural de João Neiva, região centro-oeste do Estado do Espírito Santo
e formado em Licenciatura em Desenho e Plástica pela UFES,
 Lastênio Scopel é um artista que foge aos clichês. 
Sua obra revela estilo abstrato. 
Utiliza a técnica do pastel e lápis de cor aquarelado sobre papel Schuler
Avenida Saturnino Rangel Mauro, 400, sala 02, Itaparica | Vila Velha

ESTÚDIO DE ARTE TÂNIA CALAZANS
A artista trabalha com pinturas abstratas e com desenhos geometrizados de animais 
com arte aplicada em peças decorativas como, almofadas, echarpes e bolsas. 
Ladeira João Nunes Coelho, 02, sala 04, Mata da Praia | Vitória
http://www.taniacalazans.com/

KYRIA ESPAÇO ATELIER
A artista plástica Kyria Oliveira elegeu o material que chama de bastardos
que são descartados ou reciclados, como fonte de sua pesquisa escultória.
Trabalha com obras que dialogam entre o único e o múltiplo, entre o bastardo e o nobre,
tendo como tema recorrente o estudo da casa e do morador.
Rua Nestor Gomes, 160, Centro | Vitória
http://www.kyria.art.br/

MATIAS BROTAS ARTE CONTEMPORÂNEA
A proposta do espaço é realizar o incentivo ao debate sobre a arte 
como dimensão da vida, da formação, promoção de novas inserções 
e ampliação de público.
Avenida Carlos Gomes de Sá, 130, Mata da Praia | Vitória
http://www.matiasbrotas.com.br/

MOSAICORES ATELIER OFICINA
Espaço fundado em 2014 pelas artistas Jocélia Pozzi e Vânia Caus,
 com foco na formação e popularização do mosaico. 
Desenvolve projetos sociais voltados à capacitação de jovens em situação de risco, 
como forma de geração de emprego e renda e inclusão social.
Rua Rosa Martinelli Rizzi, 25, Mata da Praia | Vitória

ROMÁRIO BATISTA
Pintor, desenhista e escultor, Romário Batista trabalha ressignificando mitos e folclores, por meio do espregeometrismo, estilo surgido a partir da influência do expressionismo. 
Suas obras são representadas em painéis, pintados em tinta sintética sobre chapatex, trabalhados com materiais reaproveitados, retirados de vias urbanas de descartes. 
Casarão Cerqueira Lima
Rua Muniz Freire, 23, Cidade Alta, Centro | Vitória

THIAGO CHRISTO
Design gráfico e especialista em pós-produção de imagens, 
Christo desenvolve um trabalho que alia fotografia com a técnica de textura de temperos.
Criou uma identidade artística própria cujo resultado é um trabalho poético
com uma visão contemporânea.
http://thiagochristo.com.br/

VITRERIA LUCIANA GUIMARÃES
A artista utiliza o vidro cristal plano como matéria-prima para seus trabalhos,
criando peças de design e verdadeiras obras de arte 
que ganham forma de lustres como, esculturas verticais iluminadas,
vitrais e painéis de parede com tramas e flores. 
Rua Desembargador Gilson Mendonça, 44, Consolação | Vitória
http://vitreria.com.br/

WAGNER MODENESI
Autodidata, Modenesi utiliza a arte digital como suporte para seu trabalho em painéis, 
em que utiliza tinta, massa acrílica, pigmentos, óleo, grafite, gesso e cola. 
Artista do detalhe, com pinturas surpreendentemente intimistas, 
o artista apresenta uma arte abstrata, com formas complexas e inventivas, 
capazes de trazer reflexão e prazer em captar a atenção do olhar do espectador.
https://wagnermodenesi.wordpress.com/

I Circuito ArtES
QUANDO | Entre 15/10 a 15/11 de 2015
ONDE | Nos espaços indicados na programação
http://www.circuitoartes.com.br/
Grupo de artistas participantes do I Circuito ArtES

26 de outubro de 2015

PINCELADAS SURREALISTAS: EXPOSIÇÃO DE JOAN MIRÓ NO ESPAÇO CULTURAL DO PALÁCIO ANCHIETA


"A última vez que Joan saiu para passear pelo jardim de Son Abrines, mal podia andar. Auxiliado por David, seu neto preferido, e por Josefina, a esposa de David, desceu com grande dificuldade as escadas que conduziram à esplanada inferior e ali se deteve a contemplar o mar. Eu observara, desolado, sua silhueta erguida a duras penas. Os frágeis cabelos desgrenhados davam ao crânio nevado um ar austero e digno. Aproximei-me para observar seu rosto. Seus olhos azuis, sonhadores e profundos como sempre, observavam as águas com expressão de assombro. Passamos vários minutos em silêncio até que Joan ergueu os braços apontando o mar e sussurrou para si mesmo um 'Ah! Que pena!'. Tinha um ar de adeus. Então, sem pressa e brincando, voltamos até a casa e, no umbral, me despedi. Eu apenas consegui balbuciar um 'até logo'. Ele ficou me olhando alguns instantes. Foi a última vez que vi Miró". (Depoimento de Alfredo Melgar, fotógrafo, colecionador e curador da exposição "A Magia de Miró, que durante aproximadamente quarenta anos acompanhou a intimidade artística do mestre surrealista).

Ampliar o olhar, a partir da arte, possibilita o desvendar de outros mundos. O surrealismo do catalão Joan Miró (1893-1983), visita a cidade de Vitória, com a exposição "A Magia de Miró", disponível ao público, até o dia 15 de novembro, no Espaço Cultural do Palácio Anchieta. A mostra é composta por um conjunto de 69 obras, entre desenhos, gravuras e aquarelas, produzidas entre os anos de 1962 e 1983, além de 23 fotografias em preto e branco, do artista surrealista, registradas pelas lentes de Alfredo Melgar, revelando um Miró descontraído, em pleno processo de criação, em seu ateliê. 

Todas as obras expostas fazem parte do acervo particular de Alfredo Melgar, o conde de Villamonte, um dos maiores colecionadores de obras de arte da Espanha. A exposição remete ao processo criativo do artista que pintou e desenhou sobre qualquer superfície que permitisse exibir sua criatividade e conhecimento. O resultado é o traço colorido e inconfundível do gênio do surrealismo, que buscava a máxima intensidade com o mínimo de esforço, como as pinturas feitas com cores primárias, aliadas ao uso de espaços vazios. "São obras dos vinte últimos anos da produção. Não são as únicas que Melgar tem dele. A seleção reflete o gosto pessoal de Melgar em sua relação de amizade com Joan Miró", assinala Denise Carvalho, produtora executiva da Mostra. Phill Reginaldo Gomes, responsável pela exposição "A Magia de Miró" no Brasil, destaca que o artista "tinha o costume de transformar em arte tudo aquilo que ganhava. Se ele ganhasse um presente, o próprio papel que embrulhava aquele presente servia como obra". 


Joan Miró foi um artista da linguagem, um libertare. Pintor, escultor, ceramista e gravurista de obras significativas no cenário internacional e atemporal da arte, tornou-se um dos mais renomados artistas da história da Arte Moderna. Estudou com Francisco Galí, que o apresentou às escolas de arte de Paris. Realizou uma passagem por conceitos elaborados a partir dos traços infantis. Miró tinha na diversidade de materiais e superfícies um aliado para dar vazão ao seu universo onírico e surreal. "Graças a Miró, a pintura juntou-se ao reino da poesia", afirma a historiadora da arte Janis Mink, autora de "Miró" (Editora Taschen). "Foi um pintor visionário que, diferentemente dos colegas, tentava levar uma vida de operário com família para sustentar", ressalta. 

Joan Miró falava pouco. Expoentes da vanguarda moderna se irritavam com a abstinência do catalão nos debates políticos durante o nascimento de movimentos artísticos da primeira metade do século XX. Miró buscava uma arte que traduzisse o que estava além das questões do mundo e para isso (repetia sempre que lhe perguntavam) precisava de silêncio. Assim, enquanto os artistas espanhóis marchavam em fuga para a capital da modernidade, Miró refugiava-se no interior rural da Catalunha, nas terras da família, que olhava sua escolha profissional como um "mau caminho". Desses retiros, nasceram obras-chave de sua trajetória, como a tela "A Quinta" (1921-1922), comprada por Ernest Hemingway.

O exercício de Miró, participante da primeiríssima geração de surrealistas, era semelhante ao de Leonardo Da Vinci. Ele queria que sua arte não se ativesse a correntes e caminhos, para que pudesse trazer algo verdadeiramente novo para o mundo. "Como é que encontrava todas as minhas ideias para quadros? Pois bem, à noite, já tarde, voltava ao meu ateliê na rua Blomet e deitava, às vezes, sem sequer ter jantado. Tinha sensações que anotava no meu caderno. Via aparecer formas no meu teto". 



Na década de 1970, o espanhol Alfredo Melgar Alexandre teve oportunidade de ter contato com o artista catalão Joan Miró, num momento em que sua obra já era reconhecida mundialmente e que tinha encontrado uma linguagem de símbolos e grafismos, referências universais das possibilidades lúdicas das artes plásticas. Miró o convidou a visitar seu estúdio em Palma de Mallorca quando soube que ele era um "excelente fotógrafo". "Eu tinha menos de 30 anos, minha obra fotográfica era escassa e não estava à altura das palavras de Miró. Na obervação de Melgar, Miró era a imagem da "sobriedade, da ordem, do trabalho e da disciplina típicos dos que vêm da Catalunha", um contraste com a boemia, os romances e a iconoclastia que tomavam conta de Paris.


Imagem do estúdio em Palma de Mallorca, o último endereço do pintor,
em retrato realizado em 1980, pelo colecionador e amigo Alfredo Melgar.

SERVIÇO
Exposição "A Magia de Miró"
Até 15 de novembro de 2015
Espaço Cultural do Palácio Anchieta - Praça João Clímaco, Cidade Alta | Vitória
De terça a sexta, das 9 às 17 horas. Sábados, domingos e feriados, das 9 às 16 horas
Entrada franca

6 de setembro de 2015

O FOTÓGRAFO VITOR NOGUEIRA EXPLORA TEXTURAS DO LITORAL NORTE DO ESPÍRITO SANTO


"Sempre compreendo o que faço depois que já fiz. O que sempre faço nem seja uma aplicação de estudos. É sempre uma descoberta. Não é procurado. É achado mesmo". O trecho do poema de Manoel de Barros, em sua poesia intitulada, Pintura é citado pelo fotógrafo Vitor Nogueira para explicar seu processo de criação, pois foi dessa forma que nasceu seu mais recente trabalho. "A princípio não sabia exatamente do que se tratava aquele tema fotográfico e me centrava exclusivamente na composição estética das fotografias. Melhor, nem sabia que elas poderiam formar um conjunto expressivo dentro de um possível tema, mas me dediquei compulsivamente a elas", revela o fotógrafo. Para ele, "a incógnita e a supresa, transmitidas na solidão daquelas elementos junto à imensidão das paisagens recortadas dentro do visor da câmara eram, na verdade, os motores, a justificativa da emoção desperdebida que me motivavam, cada vez mais, a garimpar essas fotografias a serem expostas agora. Foram dezenas delas e a exposição é uma seleção de algumas".  

Distante do chão, o fotógrafo Vitor Nogueira apontou suas lentes para as belas imagens presentes na Exposição Grafias Intangéveis, mostra que integra as quinze fotografias, em tamanho 90x60cm, em branco e preto, tiradas do litoral norte do Espírito Santo, em voo de 100 Km, expostas na Oá Galeria, em Vitória. Sobrevoando com a porta aberta para facilitar as tomadas feitas invariavelmente de passagem sobre as paisagens, Vitor Nogueira coletou em meio à imensidão de areias e águas, alguns elementos gráficos que pudessem ajudar a compor a aparente solidão daqueles espaços. "As fotos retratam a temática da solidão, pois mesmo em ambientes amplos, pasiagens grandes, eu recortei ali detalhes que dizem muito. A exposição é construída em cima de três pilares, a solidão, a incógnita e a surpresa. De início observa-se o mar, a extensão da areia e um detalhe que soa como uma incógnita, até você descobrir o que ele realmente é. Daí vem a surpresa", assinala. Os detalhes dos quais relata são pessoas em tamanhos minúsculos, sombrinhas fincadas na areia, barcos, pessoas deitadas tomando banho de sol. O branco e o preto das fotografias foi uma opção do artista, que, em sua concepção, ressalta o resultado revelado em cada uma das imagens, "aprofunda o sentimento nas imagens e força a busca pelo objetivo. Sem as fortes cores do mar e da areia, o homem e o objeto relacionado ao humano se perdem na imagem como estavam de fato perdidos lá embaixo, na imensidão das praias". Todas as imagens que compõem a mostra surgem acompanhadas por textos poéticos do escritor carioca, radicado no Espírito Santo, Caê Guimarães.



SOBRE VITOR NOGUEIRA | Jornalista e fotógrafo iniciou sua vida profissional em 1977. Realizou exposições fotográficas sobre temas sociais e culturais. Entre elas destacam-se os projetos, Negros do Espírito Santo em que registra as inúmeras manifestações culturais e folclóricas desta população; Paneleiras de Goiabeiras, que retrata a fabricação manual da panela de barro, típico utensílio da culinária capixaba tombado como patrimônio imaterial da humanidade; e, Índios, projeto que desenvolveu por seis anos, percorrendo aldeias indígenas do estado do Mato Grosso. Vitor Nogueira publicou os livros, São Pedro do Itabapoana, em que registra o patrimônio cultural e arquitetônico dessa pequena vila localizada no sul do estado do Espírito Santo e, Impressões, registro de seu olhar sobre o estado do Espírito Santo. 



VÁ LÁ | Exposição Grafias Intangíveis
ONDE | Na Oá GaleriaRua Aprígeio de Freitas, 240, Consolação - Vitória
VISITAÇÃO Até 26 de setembro de 2015. De segunda a sexta, das 11 às 19h. Aos sábados somente com agendamento.

UM MUNDO REVELADO: A IMIGRAÇÃO DOS POMERANOS EM TERRAS CAPIXABAS


"O pioneirismo da obra Santa Maria de Jetibá: uma comunidade teuto-capixaba (EDUFES, 2015), de Regina Rodrigues Hees, se configura em diversos campos. Em primeiro lugar, sua autora foi uma das primeiras pesquisadoras com espírito acadêmico a se debruçar sobre o tema da imigração em terras capixabas. E nele estabeleceu recorte pioneiro, ao enfocar como objeto de estudo uma comunidade majoritariamente constituída por etnia europeia - a pomerana - que, após processo imigratório, permaneceu por mais tempo relativamente isolada do ambiente estadual. [...] Regina foi uma das pioneiras que consultou preciosos manuscritos e os utilizou com propriedade para reconstruir a presença de trabalhadores europeus na história capixaba. 

Hoje em dia, se conhece Santa Maria de Jetibá com relativa facilidade - as comunicações melhoraram em muito o contato com este pedaço pomerano do Espírito Santo. Tal não ocorria há 40 anos. Tudo era difícil, a começar pela desconfiança em relação aos forasteiros, mantida pelos descendentes de pomeranos por terem sofrido discriminações em vários momentos da história capixaba devido a sua religião, a maioria sendo de confissão luterana; a sua língua, considerada estranha ao português; as suas práticas culturais, julgadas primitivas e ultrapassadas. Contudo, a autora resolveu enfrentar o desafio e, com determinação, passou a coletar dados que ajudassem na construção de uma narrativa esclarecedora do contexto histórico em que se estruturou essa microsociedade. 

[...] A exposição feita nesta obra não se prende somente ao passado histórico, mas privilegia a realidade vivida pelos descendentes dos pomeranos na década de 1970. Ou seja, não busca estudar a história pela história, mas conhecer o resultado dos esforços de gerações e gerações de agricultores. [...] a autora lançou seu olhar sobre todo o edifício social então existente em Santa Maria de Jetibá. Com isso, conseguiu uma façanha difícil - transformar sua dissertação de mestrado em documento de referência para o conhecimento daquele mundo pomerano, registrando seus principais aspectos [...].

Diferente de alguns pesquisadores que dão as costas a seu objeto de estudo após a conclusão dos requisitos acadêmicos, Regina Hees estabeleceu a mantém forte vínculo afetivo, uma espécie comprometimento emocional, com a comunidade de Santa Maria de Jetibá. Para exemplificar - junto com o historiador Sebastião Pimentel Franco participou da criação do Museu Pomerano e promoveu exposição fotográfica em que a localidade e seus moradores compunham a temática principal.

[...] A Pomerânia não acabou de todo; pode ter desaparecido dos mapas políticos, repartida entre Alemanha e Polônia, mas ressurge nesta narrativa historiográfica. Parafraseando Fernand Braudel, que assegura a presença do Mediterrâneo até onde se cultivem oliveiras, a Pomerânia existirá enquanto pessoas falarem seu idioma e praticarem seus costumes, mesmo que modificados. Ao historiar sua origem e condições dos tratos de terra em Santa Maria de Jetibá, ao tirar retratos da gente pomerana, Regina Hees faz mais do que um mero trabalho acadêmico - ela nos proporciona acesso a um mundo revelado para sempre nessa sua obra".
FERNANDO ACHIAMÉ é poeta, escritor e historiador

PARA ADQUIRIR O LIVRO acesse o site www.edufes.ufes.br



2 de agosto de 2015

O CINEMA CAPIXABA PENSANDO O SER CAPIXABA


"'Objetos' e 'Melodiário' são dois filmes com intenções de pensar o valor capixaba em relação ao mundo contemporâneo e a sua própria história, trabalhando com dispositivos estéticos e marrativos que dialoguem com o cinema experimental, a videoarte e o documentário contemporâneo, com a preocupação de os situar numa linha de desenvolvimento do cinema feito aqui, como forma de produção de sentido para o estado de ser do capixaba. [...] Não se trata de pensar a identidade capixaba, senão as nossas ações, em nosso espaço de situação no contexto do mundo contemporâneo, dinâmicas culturais que nos credenciam a formular projetos de civilização que valem certo grau de autonomia para os cidadãos que aqui vivem sob a égide e pressão da industrialização globalizada de todos os aspectos da vida", relata o cineasta Marcos Valério Guimarães. 

Melodiário tem trinta minutos de duração e é um cinema-ensaio sobre a obra do Maestro Jaceguay Lins, compositor erudito, regente da Orquestra Filarmônica do Espirito Santo e pesquisador da cultura local. O filme resgata duas de suas obras e perpassa os caminhos de sua pesquisa com o folclore capixaba. 

Objetos é um curta de ficção, com roteiro de Wanda Sily, que narra a disputa de adolescentes por um par de tênis. O filme aborda a questão da pulsão consumista que atravessa as relações humanas. 

CONHEÇA O TRABALHO DO CINEASTA MARCOS VALÉRIO GUIMARÃES
Documentário Vida de Congo | 2012 | Vídeo realizado com e por crianças da Banda de Congo Mirim de São Benedito de Santiago, em Serra, ES, durante o período da Festa de São Benedito, em dezembro de 2012. 

6 de julho de 2015

EXPOSIÇÃO DE ALEXANDRE MURY NO CENTRO CULTURAL SESC GLÓRIA: A OBJETIFICAÇÃO DA ARTE


O Centro Cultural SESC Glória recebe até o dia 12 de julho, a Exposição "Fricções Históricas", do artista plástico Alexandre Mury. Os trabalhos expostos tem a fotografia como técnica visual e o próprio artista como objeto de sua estética. "O seu corpo atua como um elemento conectivo nas suas permanentes torções e contorções em busca de um outro, um exercício permanente de plasticidade e de desdobramentos de sua existência, personificados em outros personagens", defini Vanda Klabin, curadora da mostra. Mury faz seus próprios desafios estéticos, reativa cenas ou representações, destituindo-os de seus territórios originais, alinhando suas ideias em contundentes sinfonias cênicas, apresentando trabalhos que inquietam o espectador. Despersonifica-se de si mesmo, ao mesmo tempo em que reveste-se de um outro. 


Klabin afirma que "como artista gerador e agenciador de múltiplos sentidos, em sua lógica perversa, irônica e provocadora, Mury delineia uma nova grade de leitura para os objetos artísticos. Monta o palco para uma inesgotabilidade de experimentações estéticas e configura uma nova e fértil discussão para os parâmetros da arte contemporânea". A mostra propõe apresentar e provocar, por meio da fotografia, um mosaico de elementos que adquirem diferentes significados, em que o "eu é o outro que me pensa: uma espécie de desordem de todos os sentidos, uma transformação constante, uma equivocidade". 

QUEM É ALEXANDRE MURY?

Natural de São Fidélis, interior do estado do Rio de janeiro, Mury iniciou sua trajetória artística ainda na infância, com desenhos e pinturas. Começou a fotografar aos 16 anos. Cursou Publicidade e Propaganda e atuou profissionalmente como diretor de arte em agências de publicidade de 2001 a 2010. Desde então, dedica-se exclusivamente ao trabalho de fotografia, particpando de importantes coleções, como as de Gilberto Chateaubriand e Joaquim Paiva.  

VÁ LÁ







Exposição "Fricções Históricas" | Alexandre Mury
Centro Cultural SESC Glória | Avenida Jerônimo Monteiro, 428, Centro - Vitória
Até 12 de julho de 2015
Terça a sábado, das 9 às 20h | Sábado e domingo, das 10 às 19h.

11 de junho de 2015

HISTÓRIA DO POVO CAPIXABA


A história do Espírito Santo aponta para a chegada de um novo aliado do campo literário. O escritor Rubens Vieira de Oliveira lança seu primeiro livro, "O dono do território capixaba", propondo retratar as destacadas utilizações de imagens que caracterizam a história do Estado desde a chegada do donatário Vasco Fernandes Coutinho. Segundo o autor, o processo de criação do livro foi facilitado pelo significativo material de pesquisa que reuniu e pelas anotações feitas durante toda uma vida ativa participando da história do Espírito Santo como servidor público na área fazendária. A ideia de abordar o tema surgiu a partir do pedido de um dos netos do autor, que desejava saber mais sobre a vida e trajetória política de Vasco Fernandes Coutinho no cenário histórico do Estado. "Foram quase dez anos para a conclusão do livro", afirma Rubens Vieira de Oliveira. "O dono do território capixaba" é um lançamento da editora Artheatrum Produções Artísticas, com o selo Parceria & Poesia

22 de janeiro de 2015

A SINGULARIDADE DA ILHA DAS CAIEIRAS SOB O OLHAR DO FOTÓGRAFO YURI BARICHVICH


A Ilha das Caieiras tem sua paisagem natural intimamente integrada ao cotidiano de seus moradores. Os elementos naturais fazem parte da sobrevivência das pessoas que ali habitam. Desfiadeiras de siri extraem o seu sustento e contribuem para a manutenção de uma cultura singular.

Vislumbrando retratar a beleza do local e a vida de seus personagens, o fotógrafo Yuri Barichvich inaugura uma mostra com 16 imagens que compõem a exposição "Caieiras, do poente à maré".

A mostra tem em sua concepção artística a relação do local com seus moradores. "As pessoas são o local", afirma o fotógrafo. "A Ilha das Caieiras é feita de hábitos e pessoas, tanto que é muito mais conhecida por suas desfiadeiras de siri do que pelas paisagens em si. Renegar a importância das pessoas e suas contribuições à história e ao interesse pelo local teria sido um erro. Desde as crianças que pulam na maré aos pescadores que saem ao poente para trabalhar à noite, cada um contribui para a aura mágica que o local possui", assinala. 


O trabalho fotográfico foi realizado ao longo de dois anos. As imagens ressaltam a luminosidade do local. As fotografias deixam no espectador o real do belo, enaltecendo a vibração das cores, sem perder de vista a cultura e seus valores.  A escolha do Museu do Pescador para a exposição das imagens está diretamente relacionada ao desejo do artista em oportunizar o contato direto com o local retratado. Para Yuri, "a chance de devolver ao local e até mesmo às pessoas que estão presentes nas fotos é inestimável". 

A exposição fica em cartaz até o dia 29 de março. Tem entrada franca e pode ser visitada de terça a sexta, das 9 às 17 horas; e aos sábados e domingos, das 12 às 16 horas. 

VÁ LÁ | Exposição "Caieiras, do poente à maré"
ONDE | Museu Histórico Manoel dos Passos Lyrio (Museu do Pescador). Rua Felicidade Correia dos Santos, 1.095 - Ilha das Caieiras - Vitória
ATÉ QUANDO | 29 de março de 2015
QUEM É YURI BARICHVICH | Repórter fotográfico. Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Natural de Salvador.

20 de outubro de 2014

INTERFERÊNCIAS URBANAS NA CAPITAL: VALORIZANDO ESPAÇOS DA CIDADE


O projeto "A arte que passa pelas lentes e conquista o olhar", idealizado pelo fotógrafo Vítor Carvalho e pelo cineasta Weverton Barroso objetiva permitir que locais esquecidos da capital, como viadutos e becos sejam observados sob uma nova perspectiva. Vias públicas pouco privilegiadas e que sofreram esvaziamento sociocultural são evidenciadas por meio de fotografias com o intuito de mostrar o que pode ser melhorado na cidade. Um grupo de arquitetos participa do projeto enquanto co-responsáveis pela modificação urbana da capital. O projeto visa possibilitar que a população capixaba observe a capital sob a ótica de suas possibilidades, pelo viés do belo. A proposta é um convite à obervação cuidadosa, ao olhar atento, onde cada um possa revisitar a cidade, percorrendo suas ruas e revendo seus conceitos a respeito de determinados locais.

Vítor Carvalho (fotógrafo) e Weverton Barroso (cineasta)

18 de outubro de 2014

O FUTURO DA MOQUECA CAPIXABA PELA VIA DO RESGATE DE SUA ORIGINALIDADE


O prato mais tradicional do Estado poderá vir a se tornar patrimônio imaterial do Espírito Santo pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O projeto "A autêntica moqueca capixaba", idealizado pelo jornalista e escritor Cacau Monjardim e organizado pelo Espírito Santo Conventions  & Visitors Bureau objetiva realizar um levantamento da origem histórica da moqueca e da legítima receita capixaba. Uma comissão de chefs formada por Hercílio Filho, Juarez Campos, Isaura Caliari, Geraldo Alves, Júlio Lemos, Nozinho Matos, Alessandro Eler e Patrícia Merlo foi convocada a integrar o trabalho de pesquisa. Além do título, o projeto propõe também a criação de um selo de qualidade que identificará os restaurantes que aderirem à receita tradicional. A inteção é padronizar a receita, trazendo mais credibilidade e competitividade aos restaurantes capixabas, além de beneficiar diretamente o consumidor com produto e atendimento de qualidade. Os trâmites para transformar a moqueca em patrimônio imaterial demoram até dezoito meses. Cacau Monjardim esclarece que a tradição da moqueca tem suas raízes na formação indígena e deriva da palavra moquém, que significa assado em folha de bananeira. 

22 de setembro de 2014

ATTILIO COLNAGO E A CONSTRUÇÃO DA ARTE PELA VIA DO ENCANTAMENTO


SEBASTIANUS AD POST MANTEGNA (1990), Attilio Colnago

"Sinto-me herdeiro de uma tradição pictórica e a utilizo como um valioso instrumento de investigação e trabalho, renovando-a e enriquecendo-a continuamente na eterna busca da beleza. Sou artista de ofício. Gosto da pintura desde sua preparação. Acredito que ela comece a se construir no momento em que preparo as telas brancas, quando revolvo o escuro de dentro de mim, tentando recolher o que ali sempre esteve - conversar com meus fantasmas, enxergar a poesia nas coisas simples e me preparar para as jornadas no ateliê. Cumpro o que creio ser a tarefa de hoje - contextualizar o novo tendo como ponto de partida a história, a tradição que pode ser questionada e estudada pelo presente e, sem cerimônias, no meio do caos, abrir espaço para a contemplação". De forma poética, Attilio Colnago, artista plástico capixaba, natural de São Domingos do Norte conceitua a tessitura que é impressa no processo de criação de suas obras, tese que caracteriza a Exposição O ENCANTADO: desenhos, pinturas e objetos.

Apresentada por meio de pinturas, gravuras e objetos, a mostra arrebata o espectador, trazendo à tona as marcas das memórias afetivas e passionais que fundamentam a arte de Attilio. Marcada pela ênfase à dualidade sagrado/profano, o artista percorre o repertório de elementos que consagram seu trabalho: a sacramentalidade. "O desenho torna o principal meio na corporificação de sua poética", assinala Paulo de Barros, curador da exposição. A opção em representar a figura humana como elemento principal em suas pinturas, tem-lhe permitido, desde 1978, trilhar e construir sua trajetória artística à semelhança de artistas brasileiros, que no século XX, optaram pelos princípios estéticos e plásticos das vanguardas artísticas europeias e experimentaram técnicas e recursos de representações próprias da arte moderna.

Oriundo de família de imigrantes italianos e nascido em berço católico, a exposição concebe esse ambiente largamente frequentado por Attilio desde sua infância, apresentando uma sala-capela estruturada nos moldes das igrejas do interior.  A mesa Arqueologias reúne objetos que inspiram o trabalho do artista. Azulejos, fotografias, radiografias, pregos, punhais, santos e alfinetes fazem parte desse acervo. Na Sala de Memórias, o espectador estabelece contato com o processo criativo que fundamenta o trabalho do artista, caracterizado pela qualidade técnica, criatividade e preocupação com os detalhes. "A memória é um elemento essencial no meu trabalho", define. Eclético, Attilio ilustrou livros e percorreu a cena teatral, criando figurinos, objetos e peças gráficas. Uma sala com personagens e painéis destinados a apresentar esse viés artístico são também contemplados na mostra. 

Percorrendo a exposição torna-se possível observar que o trabalho de Attilio transita entre diferentes técnicas: grafite, aquarela, serigrafia, aliadas às influências das artes medieval e renascentista. A crítica de arte, Ana Luzia Pessoti destaca que na pintura Sebastianus Ad Post Mantegna (1990), "o artista recuperou e trouxe para o final do século XX um tema, pintado em 1459, pelo artista italiano renascentista Andréa Mantegna (1431-1506). Ela faz parte de um conjunto de 28 pinturas e desenhos, dois objetos e uma instalação de 1990 e 1991, quando o artista produziu a série temática Sebastianus". Attilio optou por uma forma de representação sem detalhes definidos. Sebastianus não tem pés e orelha esquerda; os olhos, nariz e boca são apenas sugeridos. Essa ausência de nitidez de detalhes é uma característica da arte do século XVI, introduzida pelo barroco.

 
OBJETO DA DOR (1991), Attilio Colnago

VÁ LÁ | Exposição O Encantado: pinturas e desenhos de Attilio Colnago
ONDE | Palácio Anchieta - Praça João Clímaco, s/nº, Cidade Alta - Centro - Vitória
QUANDO | Até 02 de novembro de 2014
VISITAÇÃO | De terça a sexta, das 8h00 às 17h00 | Sábados, domingos e feriados, das 9h00 às 16h00 | Entrada franca.

7 de setembro de 2014

VITÓRIA: 463 ANOS

Ilha de Vitória | Usina de Imagem

"Vitória é tantas e é uma só.
Rica e carente.
Pulsante e insegura.
Profissional e descontraída.
Histórica e moderna.
A Vila da ilha virou cidade.
De poucos, antes. De muitos, hoje.
Recebida pela gente daqui.
Todos unidos por paixões várias.
A panela, a moqueca, a torta.
O pastel, o caranguejo, o caldo.
A cerveja e o vinho.
O bar e o boteco.
O futebol, a corrida, o mar.
O 'rock', o samba, o carnaval.
A romaria e o culto.
A vida, enfim.
Vivida numa bela ilha, cercada de carinho por todos os lados.
O carinho de seus moradores, para os quais se aplica a frase já usada na definição de outras paixões: explicar a emoção de morar em Vitória para aqueles que aqui vivem é desnecessário, e explicar essa mesma emoção para quem nunca aqui morou...
é totalmente inútil."
Texto | Jornal METRO Grande Vitória | Edição 111 | Ano 1 | 05/09/2014.

15 de junho de 2014

A OBRA DE DI CAVALCANTI EM TERRAS CAPIXABAS


O Salão Afonso Brás, no Palácio Anchieta, abrigará até o dia 20 de julho de 2014, a Exposição Di Cavalcanti: de flores e amores. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra traz trinta obras do autor, entre pinturas e serigrafias. Dois filmes sobre o artista também fazem parte da exposição. "Di Cavalcanti: 100 anos", de Malu de Martino, data de 1977 e é um registro das mostras realizadas por ocasião do centenário de nascimento do pintor. Com narração de Luís Mello, o filme é um documento precioso que traça um plano sobre a obra "Samba", desaparecida num incêndio, bem como a apresentação de depoimentos de personalidades que conviveram com Di Cavalcanti. O outro filme, "Di Cavalcanti: um perfeito carioca" (2006), permite ao espectador realizar uma viagem pelas obras do artista. Duas poesias, "Pacto", de Carlos Drummond de Andrade e, "Balada de Di Cavalcanti", de Vinícius de Moraes, marcam a beleza da mostra. O intelectual que pintou a sensualidade e a realidade cultural brasileira incorpora o amor em suas flores, mexendo com todos os nossos sentidos. A mostra traz obras de todas as fases do pintor e proporciona o encontro dos capixabas com importantes peças da arte brasileira. 

Di cavalcanti (1897-1976) iniciou sua carreira profissional trabalhando na imprensa como caricaturista e ilustrador. Dos contemporâneos foi aquele que produziu melhor e por muito mais tempo. Desenhou e pintou ininterruptamente, de 1916 a 1974. Ao longo de sua trajetória exaltou a brasilidade, retratando sambas, morros, favelas, danças, negras, brancas, ricas, pobres, sempre num clima lírico e sensual. Ao longo de toda a sua vida pintou flores e as semeou em vasos, ramos, braços, roupas e na pele nua das mulheres. 

Com a consistência modernista que caracterizava sua obra, Di Cavalcanti adotou uma temática nacionalista voltada para questões sociais, por meio de uma estética vibrante, colorida e múltipla. Classificava sua pintura como realismo mágico. Transitava por opostos que fazia conviver: o lirismo a a sensualidade, o real e o fantástico, o cotidiano e o extraordinário, a razão e a emoção.


VÁ LÁ | Exposição Di Cavalcanti: de flores e amores
ONDE | Palácio Anchieta. Praça João Clímaco, Cidade Alta, Centro - Vitória - ES
QUANDO | Até 20 de julho de 2014
De terça a sexta, das 9h às 17h
Sábados, domingos e feriados, das 9h às 16 h
PARA SABER MAIS | www.defloreseamores.com.br