"O pioneirismo da obra Santa Maria de Jetibá: uma comunidade teuto-capixaba (EDUFES, 2015), de Regina Rodrigues Hees, se configura em diversos campos. Em primeiro lugar, sua autora foi uma das primeiras pesquisadoras com espírito acadêmico a se debruçar sobre o tema da imigração em terras capixabas. E nele estabeleceu recorte pioneiro, ao enfocar como objeto de estudo uma comunidade majoritariamente constituída por etnia europeia - a pomerana - que, após processo imigratório, permaneceu por mais tempo relativamente isolada do ambiente estadual. [...] Regina foi uma das pioneiras que consultou preciosos manuscritos e os utilizou com propriedade para reconstruir a presença de trabalhadores europeus na história capixaba.
Hoje em dia, se conhece Santa Maria de Jetibá com relativa facilidade - as comunicações melhoraram em muito o contato com este pedaço pomerano do Espírito Santo. Tal não ocorria há 40 anos. Tudo era difícil, a começar pela desconfiança em relação aos forasteiros, mantida pelos descendentes de pomeranos por terem sofrido discriminações em vários momentos da história capixaba devido a sua religião, a maioria sendo de confissão luterana; a sua língua, considerada estranha ao português; as suas práticas culturais, julgadas primitivas e ultrapassadas. Contudo, a autora resolveu enfrentar o desafio e, com determinação, passou a coletar dados que ajudassem na construção de uma narrativa esclarecedora do contexto histórico em que se estruturou essa microsociedade.
[...] A exposição feita nesta obra não se prende somente ao passado histórico, mas privilegia a realidade vivida pelos descendentes dos pomeranos na década de 1970. Ou seja, não busca estudar a história pela história, mas conhecer o resultado dos esforços de gerações e gerações de agricultores. [...] a autora lançou seu olhar sobre todo o edifício social então existente em Santa Maria de Jetibá. Com isso, conseguiu uma façanha difícil - transformar sua dissertação de mestrado em documento de referência para o conhecimento daquele mundo pomerano, registrando seus principais aspectos [...].
Diferente de alguns pesquisadores que dão as costas a seu objeto de estudo após a conclusão dos requisitos acadêmicos, Regina Hees estabeleceu a mantém forte vínculo afetivo, uma espécie comprometimento emocional, com a comunidade de Santa Maria de Jetibá. Para exemplificar - junto com o historiador Sebastião Pimentel Franco participou da criação do Museu Pomerano e promoveu exposição fotográfica em que a localidade e seus moradores compunham a temática principal.
[...] A Pomerânia não acabou de todo; pode ter desaparecido dos mapas políticos, repartida entre Alemanha e Polônia, mas ressurge nesta narrativa historiográfica. Parafraseando Fernand Braudel, que assegura a presença do Mediterrâneo até onde se cultivem oliveiras, a Pomerânia existirá enquanto pessoas falarem seu idioma e praticarem seus costumes, mesmo que modificados. Ao historiar sua origem e condições dos tratos de terra em Santa Maria de Jetibá, ao tirar retratos da gente pomerana, Regina Hees faz mais do que um mero trabalho acadêmico - ela nos proporciona acesso a um mundo revelado para sempre nessa sua obra".
FERNANDO ACHIAMÉ é poeta, escritor e historiador
PARA ADQUIRIR O LIVRO acesse o site www.edufes.ufes.br
Hoje em dia, se conhece Santa Maria de Jetibá com relativa facilidade - as comunicações melhoraram em muito o contato com este pedaço pomerano do Espírito Santo. Tal não ocorria há 40 anos. Tudo era difícil, a começar pela desconfiança em relação aos forasteiros, mantida pelos descendentes de pomeranos por terem sofrido discriminações em vários momentos da história capixaba devido a sua religião, a maioria sendo de confissão luterana; a sua língua, considerada estranha ao português; as suas práticas culturais, julgadas primitivas e ultrapassadas. Contudo, a autora resolveu enfrentar o desafio e, com determinação, passou a coletar dados que ajudassem na construção de uma narrativa esclarecedora do contexto histórico em que se estruturou essa microsociedade.
[...] A exposição feita nesta obra não se prende somente ao passado histórico, mas privilegia a realidade vivida pelos descendentes dos pomeranos na década de 1970. Ou seja, não busca estudar a história pela história, mas conhecer o resultado dos esforços de gerações e gerações de agricultores. [...] a autora lançou seu olhar sobre todo o edifício social então existente em Santa Maria de Jetibá. Com isso, conseguiu uma façanha difícil - transformar sua dissertação de mestrado em documento de referência para o conhecimento daquele mundo pomerano, registrando seus principais aspectos [...].
Diferente de alguns pesquisadores que dão as costas a seu objeto de estudo após a conclusão dos requisitos acadêmicos, Regina Hees estabeleceu a mantém forte vínculo afetivo, uma espécie comprometimento emocional, com a comunidade de Santa Maria de Jetibá. Para exemplificar - junto com o historiador Sebastião Pimentel Franco participou da criação do Museu Pomerano e promoveu exposição fotográfica em que a localidade e seus moradores compunham a temática principal.
[...] A Pomerânia não acabou de todo; pode ter desaparecido dos mapas políticos, repartida entre Alemanha e Polônia, mas ressurge nesta narrativa historiográfica. Parafraseando Fernand Braudel, que assegura a presença do Mediterrâneo até onde se cultivem oliveiras, a Pomerânia existirá enquanto pessoas falarem seu idioma e praticarem seus costumes, mesmo que modificados. Ao historiar sua origem e condições dos tratos de terra em Santa Maria de Jetibá, ao tirar retratos da gente pomerana, Regina Hees faz mais do que um mero trabalho acadêmico - ela nos proporciona acesso a um mundo revelado para sempre nessa sua obra".
FERNANDO ACHIAMÉ é poeta, escritor e historiador
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