VITÓRIA CIDADE SOL
POR PEDRO CAETANO
"Cidade Sol, com o céu sempre azul
"Cidade Sol, com o céu sempre azul
Tu és um sonho de luz norte a sul
Meu coração te namora e te quer
Tu és Vitória um sorriso de mulher
Do Espírito Santo, és a devoção
Mas para os olhos do mundo, és uma tentação
Milhões te adoram, e sem favor algum
Entre os milhões, eis aqui mais um".
POR ELISA LUCINDA
POR ELISA LUCINDA
"Todo capixaba tem um segredo de espuma,
uma conversa de duna,
um disse me disse.
Todo capixaba é chique.
Todo capixaba tem um pouco de beija-flor no bico,
uma panela de barro no peito,
uma panela de barro no peito,
uma orquídea no gesto,
um cafezinho no jeito,
um trocadilho na brincadeira,
um congo no andar,
um jogo de cintura,
um chá de cidreira,
uma moqueca perfeita
e uma rede no olhar.
Todo mundo de lá desenha nas areias brancas, compõe nas areias pretas.
Todo capixaba tem um verso,
tem um pouco de Anchieta.
Todo povo por lá tem um certo louco,
tem um certo torto,
uma palavra solta,
uma revoada de colibris.
Todo capixaba tem uma força de povo.
Tem um pouco de Maria Ortiz.
Toda montanha lá
tem um caso obstinado com o vento,
uma pedra azul,
um albatroz de convento.
De luva e biquini é que eu vou pra lá.
Todo capixaba é um evento".
POR CARLOS CRUZ E ALMEIDA REGOTodo capixaba é um evento".
HINO OFICIAL DA CIDADE DE VITÓRIA
"Quero ver os capixabas
Vibrando, cantando esta canção,
Hino de glória à grandeza
Da Ilha de Vitória.
Vitória,
Da Vila Nova antiga
Onde o progresso tem vida
Um trocadilho na brincadeira,
No porto que é Tubarão.
A Vitória das vitórias
A terra feliz onde eu nasci,
Tem no Penedo bravura
E doçura em Camburi.
Vitória,
Minha querida Vitória,
És a cidade presépio,
Orgulho do meu coração!
De Anchieta a Monteiro,
Lutando, mostrando seu brasão
Viva o teu povo, Vitória,
Que não se entrega não!
Vitória,
Se estou longe és saudade
Que o meu povo invade
E faz chorar de emoção.
Hoje eu canto a minha terra,
Pedaço de céu do meu país.
Que Santo Antônio proteja
Essa terra tão feliz!
Vitória,
Minha querida Vitória,
És a cidade presépio
Orgulho do meu coração"!
POR CACAU MONJARDIM
POR CACAU MONJARDIM
"Moqueca só capixaba,
o resto é peixada".
POESIA PARA VITÓRIA
POR ROBERTO PASSOS DO AMARAL PEREIRA
"Vitória,
POR ROBERTO PASSOS DO AMARAL PEREIRA
"Vitória,
da Praça Oito,
onde sentado num banco,
com um sorriso no rosto,
vejo o tempo passar
e abraçar essa cidade do amanhã.
Da Ilha das Caieiras,
da moqueca verdadeira,
das desfiadeiras,
do passeio de escuna pela Rota do Manguezal,
do Mirante da Fonte Grande,
dos amantes de praia e sol.
Da Curva da Jurema,
recanto de cena de cinema,
com seus quiosques que convidam
para uma deliciosa comida,
que eu aprecio com a água no mar
feito poema beijando os meus pés.
Vitória,
Ilha do Mel,
entre o mar e a montanha,
céu que enlaça todas as crenças e raças,
da Igreja do Rosário,
do Santuário de Santo Antônio,
do olhar de Iemanjá sob o mar de Camburi.
Da fama das madrugadas na Rua da Lama,
do Parque da Pedra da Cebola,
do Parque Moscoso e fotos de lambe-lambe,
da Praça dos Desejos,
da beleza da Pedra do Penedo,
do agito gostoso do Triângulo das Bermudas,
do trabalho bonito das Paneleiras de Goiabeiras,
do comércio tradicional da Vila Rubim.
Enfim, de um povo ordeiro,
hospitaleiro,
e como todo brasileiro,
verdadeiro cidadão do mundo".
onde sentado num banco,
com um sorriso no rosto,
vejo o tempo passar
e abraçar essa cidade do amanhã.
Da Ilha das Caieiras,
da moqueca verdadeira,
das desfiadeiras,
do passeio de escuna pela Rota do Manguezal,
do Mirante da Fonte Grande,
dos amantes de praia e sol.
Da Curva da Jurema,
recanto de cena de cinema,
com seus quiosques que convidam
para uma deliciosa comida,
que eu aprecio com a água no mar
feito poema beijando os meus pés.
Vitória,
Ilha do Mel,
entre o mar e a montanha,
céu que enlaça todas as crenças e raças,
da Igreja do Rosário,
do Santuário de Santo Antônio,
do olhar de Iemanjá sob o mar de Camburi.
Da fama das madrugadas na Rua da Lama,
do Parque da Pedra da Cebola,
do Parque Moscoso e fotos de lambe-lambe,
da Praça dos Desejos,
da beleza da Pedra do Penedo,
do agito gostoso do Triângulo das Bermudas,
do trabalho bonito das Paneleiras de Goiabeiras,
do comércio tradicional da Vila Rubim.
Enfim, de um povo ordeiro,
hospitaleiro,
e como todo brasileiro,
verdadeiro cidadão do mundo".
NAVEGANDO NO CÍRCULO DA CIDADE-ILHA
POR JEANNE BILICH
"Mestra Bernadete Lyra, no seu belo e poético ensaio que integra a coletânea de textos do Escritos de Vitória lembra que na cidade-ilha, Vitória, 'é possível completar um círculo, partindo e retornando ao ponto de origem, pois que, posto sobre uma ilha redonda, se obriga a isso quem lhe faz o contorno'. Li e reli. E pus-me a meditar, quantas já somariam os contornos feitos por mim, no decorrer de meio século de vida que - de modo voluntário e, igualmente, involuntário - tornei-me um 'ilhéu' residente. Giro incessante, seja alfinetada pela voracidade de embebedar-me pelos olhos com as mil belezas naturais da cidade-ilha, seja atendendo aos imperativos desígnios dos Numes. Circunavegações! Aliás, um circunavegar pelo entorno da ilha 'redonda', como precisou a Mestra, preso a um outro circunavegar, esse sim, muito particular, de caráter pessoal, tecendo-se no girar da minha própria cronologia. O círculo dentro do círculo".
"Mestra Bernadete Lyra, no seu belo e poético ensaio que integra a coletânea de textos do Escritos de Vitória lembra que na cidade-ilha, Vitória, 'é possível completar um círculo, partindo e retornando ao ponto de origem, pois que, posto sobre uma ilha redonda, se obriga a isso quem lhe faz o contorno'. Li e reli. E pus-me a meditar, quantas já somariam os contornos feitos por mim, no decorrer de meio século de vida que - de modo voluntário e, igualmente, involuntário - tornei-me um 'ilhéu' residente. Giro incessante, seja alfinetada pela voracidade de embebedar-me pelos olhos com as mil belezas naturais da cidade-ilha, seja atendendo aos imperativos desígnios dos Numes. Circunavegações! Aliás, um circunavegar pelo entorno da ilha 'redonda', como precisou a Mestra, preso a um outro circunavegar, esse sim, muito particular, de caráter pessoal, tecendo-se no girar da minha própria cronologia. O círculo dentro do círculo".
O MAR DE NOSSA ILHA
POR MARIA DAS GRAÇAS SILVA NEVES
"[...] No azul impressionista,
A ilha do sabor, a ilha das delícias!
Que graça tem a ilha?!
Mistérios... alegorias... sonhos...
Barcos à vela hasteada ao sol e vento.
Vozerio no mar, passarada de gaivotas.
Peixes esguios, barbatanas abertas
Nadando elegias!
Conchas rosadas, caramujos frisados,
Cheira sal,
Cheira brisa,
Cheira sol
Em nuances na iluminada estrada
De nossa ilha - eis Vitória!
Viração...
Voa o vento,
Vage o vento,
Urge o vento
Na curva dos vários ventos.
Flutuam na Ilha do Mel,
Garças prateadas,
Sob a neblina do silêncio da tarde...
Voam, vagueiam, encontram a paz.
Fito o mar...
Vejo-me na travessia da Ilha do Frade.
Solto bilhetes no vai e vem
Das ondas que batem fortemente
Nos paredões da Praia do Canto.
Promessas de amor! Suspiros...
Sonhos de adolescência.
Fito e céu...
Arco-íris rasgam o espaço.
Cores exuberantes na paisagem,
Refletem na rocha como aves coloridas.
Fotografo a Ilha de Vitória
Num tempo único".
"Filha do mistério e da magia
ao refletires a luz do sol
e os raios da lua
nas águas de tua baía,
transmutas em forças
nossas mágoas e desenganos
e então percebemos porque tanto te amamos:
se teu sobrenome é Ilha,
Vitória, teu nome é poesia".
"Ilha-mãe que nos circunda.
Reviramos teu leito de mar e mangue,
tornando-a enxague por nossas mãos.
Estamos enfastiados.
(Esquecidos que a fragilidade pode ser subversiva).
Com simulada desfaçatez, ela crava
os olhos de pedra sobre minha indiferença.
(A tolerância dos tempos também se desgasta).
O manto verde de teu entorno
já se cansa de financiar a vida.
Esgotam-se as pequenas estrelas vermelhas e azuis
ávidas amantes da lua,
que vagueiam em teus mangues.
Primeiro Antônio, o Santo,
depois Vitória,
derrota do gentio,
consagração do bruto.
Volto aos olhos enucleados,
àquela que até já pariu gente.
Terra, verdadeira mãe de minhas verdades...
Vi-te mais pura em amarelos postais.
Presépio que virou caos.
Já vai o tempo em que, ao te julgar pequena,
cobriram o mar com areia,
e, por dentro, tu não passaste a chamar-te continente.
Ilha-mãe, tua essência é verde;
teu maciço é verde;
a maioria de teus séculos foram verdes.
Verde é a esperança de teu ressurgimento.
Sabe mãe, o tempo do homem confunde-se com o esquecimento".
"Por algum tempo deixaste escondido
no alto de teu Penedo imponente
teu destino de grandeza.
Mas o tempo, em suas andanças,
traria consigo grandes mudanças
e isso já não fazia sentido.
Então, raiou no horizonte
um sol diferente
e veio chegando, sem muito alarido.
Hoje, amplias teus horizontes
e, para além de tuas pontes,
a ilha se faz Continente".
Viagem sabor doce mel
Ilha tapuia encantada
Tuas delícias me seduzem
Os céus azuis, verdes mares
Rota do sol, da moqueca
Inconfundíveis sabores
Arte divinal, magia!
Cativo sou do teu charme
Incansável namorado
Dos colibris e orquídeas
Amo a mistura morena
De jambo e jabuticaba
Enlouqueço, vivo de ti.
Iluminada de prata
Lugar de amantes, de paz
Há no mundo tal vitória
A não ser te querer mais?
GHAZAL
POR RENAN MENDONÇA FERREIRA
"Quero entrar na cidade, mas ilhado estou
Talvez romper a grade, mas ilhado estou
Os cidadãos gratos entoam melodias
Suplanto a liberdade, mas ilhado estou
Espero dissolver-me inteiro neste mar
Supero a tempestade, mas ilhado estou
Tornar-me em ondas a banhar a praia triste
Lavar toda saudade, mas ilhado estou
Ouvirei a música das conchas nessa areia
Amo a serenidade, mas ilhado estou
Serei a voz que canta por ser dom apenas
Voz da causalidade, mas ilhado estou
Neste oceano onde o amor me engolirá
Perco a identidade, mas ilhado estou
Nomes não fazem sentido nesta união
Mantenho sanidade, mas ilhado estou
Grande mar que recebe aqueles que daságuam
De nós nunca se evade, mas ilhado estou".
POEMA À CIDADE DE VITÓRIA
POR SILVANA SOARES SAMPAIO
"Cantou um dia Pedro Caetano,
E com ele, só posso concordar:
É pedra preciosa esta pequena ilha,
Incrustrada entre o azul do céu e o verde mar.
Salpicados de casinhas penduradas,
Muitos morros permeiam a cidade
Por presépio tem sido decantada,
E não há como negar esta verdade.
Outrora pequeno presépio a cintilar na ilha,
Hoje reluz cosmopolita e elegante.
A natureza sempre mostrou-se generosa,
Envolvendo Vitória em luz brilhante.
Amanhece e o sol doura suas areias.
Brilha a espuma no vai-e-vem do imenso mar.
A noite cai e então tudo se prateia.
A lua chega, e a Vitória vem saudar.
E se a chuva acizenta teus recantos,
Deitando sobre si brumoso manto
Não perdes a beleza a que fazes jus
Transmudam-se apenas as cores de tua luz.
Teus encantos têm a muito atraído.
És sereia que seduz os navegantes,
Desavisados aqui chegam a passeio
Não conseguem nunca mais ficar distantes.
Sábio foi aquele que um dia,
Vencendo a luta - Vitória o nomeou.
Honrando o nome, o povo capixaba,
Em cidade vitoriosa a transformou".
ELA É DIFERENTE
POR VIRGÍNIA TAMANINI
"Você conhece Vitória?
Venha ver
que vai gostar.
É uma ilha bonita
com seu Penedo gigante
se alevantando do mar.
Também cidade-progresso
de arranha-céus dominantes
e que tem um Tubarão
que aqui não come gente,
mastigando eternamente
o oligisto desfeito
cujo pó dever ter asas
pois vem pousar, sem direito,
nos umbrais de nossas casas.
Uma coisa me aborrece:
nosso tempo é repartido,
relógio manda na gente,
não há mais tempo pra nada,
a vida agora é correr.
Ninguém pode descansar.
E o povo se empurra
dizendo ter pressa
querendo chegar.
E às vezes não chega
nem mais vai voltar.
Os ônibus trançam
nas ruas estreitas
e os carros afoitos
se juntam, se amassam
tentando avançar.
Eu fico pensando...
Vitória de ontem
Vitória de hoje
qual delas se ajusta
ao meu coração?
Ai que saudades
do bondinho 'Circular'!
Na Praça Oito, a rodinha
de intelectuais sorrindo
e tirando o chapéu
ao cumprimentar.
Bons dias aqueles,
tranquilos, de paz.
E a gente passando
e a gente sorrindo
e a gente vivendo...
Menino gritando
vendendo jornal
- Diário! Gazeeeta! Olha a Gazeeeta"!
POR MARIEN CALIXTE
"Viver é ver Vitória".
POR CARMÉLIA MARIA DE SOUZA
"Esta ilha é uma delícia".
POR RUBEM BRAGA
"Ao atravessar o Itabapoana está o capixaba
em sua pequena pátria de morros verdes,
terra vermelha, pedras roxas e mares azuis,
com seus itapemirins, iconhas, piúmas,
vitórias e guaraparis natais.
Não é uma grande terra,
mas o povo é, no geral, pobre e bom,
um pouco vão,
se gaba de riquezas vãs,
tais como orquídeas e colibris;
é o chamado país do Espírito Santo,
de onde sou oriundo,
pela graça de Deus".
TRÓPICO DE VITÓRIA
POR FERNANDO ACHIAMÉ
"Ilha cercada de sol por todos os lados.
Os visíveis e os invisíveis,
Vitória é ringue onde dois ventos lutam;
Com o nordeste, refresca-se do calor;
Treme de frio no pulso do vento sul.
É certo: dois sopros disputam Vitória.
O vento sul às vezes ganha
E toma do forte nordeste o espaço todo.
Por quê?
Ninguém sabe.
Correntes marítimas também brigam
Pela ilha divisora de águas:
Ao norte, ondas mornas se espraiam
Qual tempo bom que o nordeste traz.
Ao sul, o mar é gelado
Igual ao vento que vem de lá.
Mas por quê?
Ninguém sabe".
VITÓRIA: 462 ANOS
"[...] No azul impressionista,
A ilha do sabor, a ilha das delícias!
Que graça tem a ilha?!
Mistérios... alegorias... sonhos...
Barcos à vela hasteada ao sol e vento.
Vozerio no mar, passarada de gaivotas.
Peixes esguios, barbatanas abertas
Nadando elegias!
Conchas rosadas, caramujos frisados,
Cheira sal,
Cheira brisa,
Cheira sol
Em nuances na iluminada estrada
De nossa ilha - eis Vitória!
Viração...
Voa o vento,
Vage o vento,
Urge o vento
Na curva dos vários ventos.
Flutuam na Ilha do Mel,
Garças prateadas,
Sob a neblina do silêncio da tarde...
Voam, vagueiam, encontram a paz.
Fito o mar...
Vejo-me na travessia da Ilha do Frade.
Solto bilhetes no vai e vem
Das ondas que batem fortemente
Nos paredões da Praia do Canto.
Promessas de amor! Suspiros...
Sonhos de adolescência.
Fito e céu...
Arco-íris rasgam o espaço.
Cores exuberantes na paisagem,
Refletem na rocha como aves coloridas.
Fotografo a Ilha de Vitória
Num tempo único".
TEU NOME É POESIA
POR MARIA ESTHER TOURINHO"Filha do mistério e da magia
ao refletires a luz do sol
e os raios da lua
nas águas de tua baía,
transmutas em forças
nossas mágoas e desenganos
e então percebemos porque tanto te amamos:
se teu sobrenome é Ilha,
Vitória, teu nome é poesia".
GUANANIRA
POR JORGE ELIAS NETO"Ilha-mãe que nos circunda.
Reviramos teu leito de mar e mangue,
tornando-a enxague por nossas mãos.
Estamos enfastiados.
(Esquecidos que a fragilidade pode ser subversiva).
Com simulada desfaçatez, ela crava
os olhos de pedra sobre minha indiferença.
(A tolerância dos tempos também se desgasta).
O manto verde de teu entorno
já se cansa de financiar a vida.
Esgotam-se as pequenas estrelas vermelhas e azuis
ávidas amantes da lua,
que vagueiam em teus mangues.
Primeiro Antônio, o Santo,
depois Vitória,
derrota do gentio,
consagração do bruto.
Volto aos olhos enucleados,
àquela que até já pariu gente.
Terra, verdadeira mãe de minhas verdades...
Vi-te mais pura em amarelos postais.
Presépio que virou caos.
Já vai o tempo em que, ao te julgar pequena,
cobriram o mar com areia,
e, por dentro, tu não passaste a chamar-te continente.
Ilha-mãe, tua essência é verde;
teu maciço é verde;
a maioria de teus séculos foram verdes.
Verde é a esperança de teu ressurgimento.
Sabe mãe, o tempo do homem confunde-se com o esquecimento".
CIDADE ILHA
POR MARIA ESTHER TOURINHO"Por algum tempo deixaste escondido
no alto de teu Penedo imponente
teu destino de grandeza.
Mas o tempo, em suas andanças,
traria consigo grandes mudanças
e isso já não fazia sentido.
Então, raiou no horizonte
um sol diferente
e veio chegando, sem muito alarido.
Hoje, amplias teus horizontes
e, para além de tuas pontes,
a ilha se faz Continente".
ACRÓSTICO
POR NEIDA SILVEIRA DAS NEVESViagem sabor doce mel
Ilha tapuia encantada
Tuas delícias me seduzem
Os céus azuis, verdes mares
Rota do sol, da moqueca
Inconfundíveis sabores
Arte divinal, magia!
Cativo sou do teu charme
Incansável namorado
Dos colibris e orquídeas
Amo a mistura morena
De jambo e jabuticaba
Enlouqueço, vivo de ti.
Iluminada de prata
Lugar de amantes, de paz
Há no mundo tal vitória
A não ser te querer mais?
GHAZAL
POR RENAN MENDONÇA FERREIRA
"Quero entrar na cidade, mas ilhado estou
Talvez romper a grade, mas ilhado estou
Os cidadãos gratos entoam melodias
Suplanto a liberdade, mas ilhado estou
Espero dissolver-me inteiro neste mar
Supero a tempestade, mas ilhado estou
Tornar-me em ondas a banhar a praia triste
Lavar toda saudade, mas ilhado estou
Ouvirei a música das conchas nessa areia
Amo a serenidade, mas ilhado estou
Serei a voz que canta por ser dom apenas
Voz da causalidade, mas ilhado estou
Neste oceano onde o amor me engolirá
Perco a identidade, mas ilhado estou
Nomes não fazem sentido nesta união
Mantenho sanidade, mas ilhado estou
Grande mar que recebe aqueles que daságuam
De nós nunca se evade, mas ilhado estou".
POEMA À CIDADE DE VITÓRIA
POR SILVANA SOARES SAMPAIO
"Cantou um dia Pedro Caetano,
E com ele, só posso concordar:
É pedra preciosa esta pequena ilha,
Incrustrada entre o azul do céu e o verde mar.
Salpicados de casinhas penduradas,
Muitos morros permeiam a cidade
Por presépio tem sido decantada,
E não há como negar esta verdade.
Outrora pequeno presépio a cintilar na ilha,
Hoje reluz cosmopolita e elegante.
A natureza sempre mostrou-se generosa,
Envolvendo Vitória em luz brilhante.
Amanhece e o sol doura suas areias.
Brilha a espuma no vai-e-vem do imenso mar.
A noite cai e então tudo se prateia.
A lua chega, e a Vitória vem saudar.
E se a chuva acizenta teus recantos,
Deitando sobre si brumoso manto
Não perdes a beleza a que fazes jus
Transmudam-se apenas as cores de tua luz.
Teus encantos têm a muito atraído.
És sereia que seduz os navegantes,
Desavisados aqui chegam a passeio
Não conseguem nunca mais ficar distantes.
Sábio foi aquele que um dia,
Vencendo a luta - Vitória o nomeou.
Honrando o nome, o povo capixaba,
Em cidade vitoriosa a transformou".
ELA É DIFERENTE
POR VIRGÍNIA TAMANINI
"Você conhece Vitória?
Venha ver
que vai gostar.
É uma ilha bonita
com seu Penedo gigante
se alevantando do mar.
Também cidade-progresso
de arranha-céus dominantes
e que tem um Tubarão
que aqui não come gente,
mastigando eternamente
o oligisto desfeito
cujo pó dever ter asas
pois vem pousar, sem direito,
nos umbrais de nossas casas.
Uma coisa me aborrece:
nosso tempo é repartido,
relógio manda na gente,
não há mais tempo pra nada,
a vida agora é correr.
Ninguém pode descansar.
E o povo se empurra
dizendo ter pressa
querendo chegar.
E às vezes não chega
nem mais vai voltar.
Os ônibus trançam
nas ruas estreitas
e os carros afoitos
se juntam, se amassam
tentando avançar.
Eu fico pensando...
Vitória de ontem
Vitória de hoje
qual delas se ajusta
ao meu coração?
Ai que saudades
do bondinho 'Circular'!
Na Praça Oito, a rodinha
de intelectuais sorrindo
e tirando o chapéu
ao cumprimentar.
Bons dias aqueles,
tranquilos, de paz.
E a gente passando
e a gente sorrindo
e a gente vivendo...
Menino gritando
vendendo jornal
- Diário! Gazeeeta! Olha a Gazeeeta"!
POR MARIEN CALIXTE
"Viver é ver Vitória".
POR CARMÉLIA MARIA DE SOUZA
"Esta ilha é uma delícia".
POR RUBEM BRAGA
"Ao atravessar o Itabapoana está o capixaba
em sua pequena pátria de morros verdes,
terra vermelha, pedras roxas e mares azuis,
com seus itapemirins, iconhas, piúmas,
vitórias e guaraparis natais.
Não é uma grande terra,
mas o povo é, no geral, pobre e bom,
um pouco vão,
se gaba de riquezas vãs,
tais como orquídeas e colibris;
é o chamado país do Espírito Santo,
de onde sou oriundo,
pela graça de Deus".
TRÓPICO DE VITÓRIA
POR FERNANDO ACHIAMÉ
"Ilha cercada de sol por todos os lados.
Os visíveis e os invisíveis,
Vitória é ringue onde dois ventos lutam;
Com o nordeste, refresca-se do calor;
Treme de frio no pulso do vento sul.
É certo: dois sopros disputam Vitória.
O vento sul às vezes ganha
E toma do forte nordeste o espaço todo.
Por quê?
Ninguém sabe.
Correntes marítimas também brigam
Pela ilha divisora de águas:
Ao norte, ondas mornas se espraiam
Qual tempo bom que o nordeste traz.
Ao sul, o mar é gelado
Igual ao vento que vem de lá.
Mas por quê?
Ninguém sabe".
VITÓRIA: 462 ANOS
POR JORGE LUIZ GOBBI
"Vitória tem séculos de história e tem, minha história também! Nasci na Rua 7 de Setembro, cresci pelas escadarias, vias e morros do Centro, andei e trabalhei pelo mundo e voltei para esta cidade, que é berço de minha alma e engenharia de minhas emoções. A Vitória de hoje é muito diferente da Vitória que vivi. Prédios, gente correndo, carros, ônibus, fumaça, buzinas e barulho durante os dias de semana. Mas, de noite e no final de semana, Vitória se aquieta e, como uma poesia, enche a alma da gente. Shows no Teatro Carlos Gomes e pelas ruas, a alegria nos bares da Rua 7, o Samba da Xepa, a quietude secular do Parque Moscoso (inaugurado em 1912) e no encontro de pessoas que moram por aqui. Vitória, hoje, adormece diante do crescimento ganancioso de nossos bairros e, como uma mãe carinhosa, embala minhas memórias, aviva minhas saudades e fortalece a esperança de que o futuro, que sempre chega, vai deixá-la ainda mais prazerosa, mais humana e, o sentimento de que não sou eu que vivo em Vitória, mas é Vitória que vive dentro de mim! Por isso tudo, Vitória é um luxo de minha vida".
"Vitória tem séculos de história e tem, minha história também! Nasci na Rua 7 de Setembro, cresci pelas escadarias, vias e morros do Centro, andei e trabalhei pelo mundo e voltei para esta cidade, que é berço de minha alma e engenharia de minhas emoções. A Vitória de hoje é muito diferente da Vitória que vivi. Prédios, gente correndo, carros, ônibus, fumaça, buzinas e barulho durante os dias de semana. Mas, de noite e no final de semana, Vitória se aquieta e, como uma poesia, enche a alma da gente. Shows no Teatro Carlos Gomes e pelas ruas, a alegria nos bares da Rua 7, o Samba da Xepa, a quietude secular do Parque Moscoso (inaugurado em 1912) e no encontro de pessoas que moram por aqui. Vitória, hoje, adormece diante do crescimento ganancioso de nossos bairros e, como uma mãe carinhosa, embala minhas memórias, aviva minhas saudades e fortalece a esperança de que o futuro, que sempre chega, vai deixá-la ainda mais prazerosa, mais humana e, o sentimento de que não sou eu que vivo em Vitória, mas é Vitória que vive dentro de mim! Por isso tudo, Vitória é um luxo de minha vida".